EXCLUSIVO – Atualmente, apesar da Inteligência Artificial estar presente em diversos processos dentro das empresas, inclusive no mercado de seguros, ainda há dúvidas sobre os benefícios dessa ferramenta. Muitos executivos se preocupam com o impacto dessa tecnologia na força de trabalho, mas segundo o estudo ”Ignoring AI Is Risky Business for Insurance CEO’s”, do Boston Consulting Group, as seguradoras precisam mudar como captam e manuseiam dados, e devem fazer isso com a ajuda da IA.

Sergio Miotto

De acordo com Sergio Miotto, diretor de Tecnologia da Tokio Marine, por meio da Inteligência Artificial é possível desburocratizar serviços, simplificar produtos, criar novas ferramentas e utilizá-la na prevenção a fraudes. Além disso, essa tecnologia pode fomentar a inovação enquanto ferramenta de otimização de processos e ganho de eficiência. ”A Inteligência Artificial já é uma realidade na companhia e a utilizamos em diversas frentes, seja na otimização de atividades mais mecânicas, que permitem a liberação das nossas equipes para atuarem em áreas mais estratégicas, ou na busca de novas oportunidades de negócios para nossos corretores e parceiros, além de ser uma grande aliada na diminuição de custo”.

A seguradora elaborou uma estrutura no time de inovação voltada para IA, que conta com cinco cientistas de dados focados em desenvolver projetos de Inteligência Artificial e na disseminação desse tema na empresa. A Tokio Marine também utiliza um algoritmo em casos de processos judiciais que envolvem a companhia, o que ajuda a identificar as probabilidades de o processo judicial resultar em ganho ou perda de causa e auxilia no parecer dos advogados. ‘Dessa maneira, é possível nos anteciparmos e, se necessário, propor acordos, por exemplo. Este algoritmo começou a ser desenvolvido entre 2019 e 2020 e foi evoluindo com auxílio de algumas áreas da organização. Atualmente, está em processo de validação e em breve entrará em produção”, afirma Miotto.

Igohr Schultz

Na SulAmérica, a Inteligência Artificial é uma tendência extremamente necessária para a entrega de valor ao negócio, ajudando a acelerar e facilitar a entrega, principalmente, de melhores experiências para os segurados, seja por meio de produtos e serviços ou maior eficiência de processos. ”Quando falamos de captação e manuseio de dados, temos investido e avançado nesse sentido como setor e como companhia. É um processo evolutivo, e sabemos que há uma jornada a ser trilhada. O investimento em IA traz não só melhorias nos processos, como maior segurança em análises de negócio, mas permite uma maior inteligência e personalização no atendimento às necessidades do cliente”, diz Igohr Schultz, vice-presidente de Tecnologia e Inovação da seguradora.

Segundo o estudo do Boston Consulting Group, as seguradoras têm interações pouco frequentes com seus clientes e, portanto, têm dados limitados para basear suas decisões de subscrição, preços e sinistros. Miotto acredita que esse é um grande desafio que todo o mercado enfrenta, mas discorda que os dados para tomada de decisão dentro dos processos são limitados. ”Acho que há oportunidade de melhorar a captação e o tratamento dos dados. Quanto mais tivermos consciência das demandas de nossos consumidores, poderemos oferecer as melhores soluções através do uso assertivo da tecnologia, respeitando sempre a confidencialidade e a finalidade de cada dado pessoal”.

A pesquisa ainda constatou que a transformação gerada pela IA requer um investimento de dezenas ou centenas de milhões de dólares ao longo de vários anos para obter sucesso, e que essas transformações são mais bem-sucedidas quando lideradas por CEO’s. Schultz ressalta que soluções como Inteligência Artificial e qualquer outra questão ligada à inovação precisam estar na pauta das lideranças das empresas. “É importante ter uma estratégia clara, objetivos e metas que suportem esta estratégia, com a anuência da alta gestão, sem a qual a evolução do tema no mercado e no setor torna-se difícil. Temos na SulAmérica uma agenda executiva para os temas de inovação, o que nos permite ser cada vez mais ágeis na implementação”.

De acordo com o estudo, as posições de gerenciamento de apólices encolherão em 70% e as de gestão de sinistros em 40%. Contudo, ao mesmo tempo, os departamentos de tecnologia crescerão 50%. Para o vice-presidente de Tecnologia e Inovação da SulAmérica, a tecnologia pode e deve permitir uma migração de posições de trabalhos manuais para posições mais estratégicas dentro das empresas. ”O desafio será capacitar as pessoas para essas novas posições. É um caminho sem volta: as organizações que não são de tecnologia, caminham para ser, em um futuro não muito longe. Aqui estamos falando tanto nos processos internos quanto no próprio negócio”.

Fazendo uma análise geral, a pesquisa constatou que o mercado de seguros continua muito atrasado nos gastos com Inteligência Artificial quando comparado com outros setores. Miotto destaca a importância do segmento despertar para esta realidade. ”A IA ainda é um tema relativamente recente e ainda estamos conhecendo todas as suas possibilidades. Contudo, já temos consciência da transformação digital que o mercado está passando e estamos preparados para esse novo momento. Nossa operação já vem se destacando no desenvolvimento de canais digitais, uso de Inteligência Artificial em sinistros e em outras tecnologias”.

Nicole Fraga
Revista Apólice

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