A PIN Seguradora acabou de se tornar a primeira insurtech do Brasil homologada pela Susep (Superintendência de Seguros Privados) para o mercado de seguro agrícola. A partir desta fase, a empresa, que usa tecnologia para uma precificação mais adequada do seguro voltado ao agronegócio, deve receber a autorização final para operar em todo o país dentro de algumas semanas.

Graças ao sistema criado pela empresa, que reúne diversas informações do agronegócio nacional e dados públicos como clima, tipo de solo, época de plantio, entre outros, os produtores, principalmente os de pequeno e médio porte, poderão simular apólices de seguro de maneira personalizada, ou seja, de acordo com a sua realidade.

Com uma tecnologia que usa imagem de satélite e outras informações para análise de risco de alta precisão, a insurtech tem um plano sólido de crescimento acelerado para os próximos anos. A expectativa da empresa é segurar R$ 120 milhões nos primeiros 12 meses de operação e atingir R$ 1 bilhão já em 2023. A organização vai iniciar a operação com foco na cultura da soja, mas deve ampliar a entrada em outras safras nos próximos anos, como a do milho verão e do milho segunda safra, entre outras.

Know-how no mercado de seguro agrícola

No final do ano passado, a PIN foi uma das 21 empresas aprovadas na 2ª edição do Sandbox Regulatório, o programa de aceleração de startups da Susep, mas a primeira a ser homologada para operar no território nacional.

Apesar de o Brasil ser o quarto maior produtor de grãos do mundo, apenas 20% da área de plantio é protegida por seguros. O potencial de crescimento é enorme quando comparado a economias como a da Índia onde 40% da área agrícola é segurada, a China, com 69% ou o Estados Unidos, com 89%. Além disso, nos últimos três anos, a importância segurada no Brasil saltou de R$ 12,5 bilhões para R$ 68,3 bilhões, representando um crescimento acumulado de 53% ao ano. No entanto, apenas 3% dos 5 milhões de produtores brasileiros estão protegidos por seguros agrícolas, prejudicando toda a cadeia produtiva do setor.

Para Juarez Gonçalves Dias, fundador e CEO da PIN Seguradora, a ineficiência ocorre pela falta de produtos adequados às diferentes realidades dos negócios agrícolas, uma vez que se baseiam em poucos dados para precificarem o risco das áreas seguradas. O executivo explica ainda que boa parte das seguradoras do Brasil considera apenas os dados do IBGE na hora de simular o preço de uma apólice, ignorando inúmeros fatores que interferem no risco previsto para determinado talhão, como o histórico de produtividade, a tecnologia empregada e os fatores climáticos.

“A falta de informações gera seleção adversa e desequilíbrio no setor, uma vez que o seguro pode se tornar barato e atrativo para produtores que possuem alto risco, mas, caro e impeditivo para produtores de áreas que possuem baixo risco. O resultado disso é que poucos produtores conseguem acessar o seguro, e os que conseguem possuem uma alta taxa de sinistralidade, tornando o seguro cada vez mais caro”, esclarece o executivo.

Com mais de 30 anos no mercado agrícola e atuação na liderança das principais corretoras de seguro para o agronegócio, Dias foi responsável por mais de R$ 2 bilhões de contratos em importância segurada, enxergou no Sandbox a oportunidade de criar sua própria seguradora com uma base de informações fidedignas e alicerçadas pela tecnologia UX.

Também faz parte do time da PIN o especialista Douglas Moreira, atuário e PhD pela Université du Québec, na área de Redes Neurais, Meta-heurísticas e Inteligência Artificial, que foi o responsável pelo desenvolvimento do sistema. “A ferramenta permite calcular, com precisão a produtividade esperada para cada talhão”, explica o profissional que também é sócio da insurtech.

Já Sérgio Soares, também sócio da empresa, engenheiro agrônomo e mestre em Sensoriamento Remoto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), ressalta a grande capacidade de gerar novos dados. “Conseguimos monitorar a área antes, durante o ciclo e após a colheita, permitindo atualizar o sistema constantemente, o que aumenta a exatidão das informações geradas e torna o algoritmo cada vez mais eficaz”, complementa.

Além deles, completa o time de sócios-fundadores da PIN Seguradora, Vanessa Porcino, Administradora de Empresas que também atua há mais de 12 anos no mercado agrícola nacional.

“Não somos apenas uma empresa de tecnologia. Temos experiência no setor de seguros e networking no agronegócio, o que nos garante uma escala comercial robusta para impulsionar o negócio”, reconhece Dias. De acordo com ele, a empresa está iniciando sua trajetória apenas com aporte dos sócios, mas prevê a entrada de investidores estratégicos para impulsionar o crescimento do negócio ao longo do próximo ano.

N.F.
Revista Apólice

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